A linguagem oral com que a criança chega à escola, independentemente do seu contexto cultural e social, é a base para a aprendizagem da linguagem escrita, sendo um objetivo primordial da instituição escolar permitir e encorajar cada criança a usar a língua materna com o máximo de eficácia, quando fala, ouve falar, lê e escreve.
Os trabalhos sobre literacia mostram que as crianças aprendem cada vez mais cedo a ler e a escrever, mesmo antes da escolarização formal (literacia emergente), observando e interagindo com os adultos e com outras crianças, em aprendizagens focadas numa multiplicidade de saberes: rotinas, jogos, brincadeiras, histórias e atividades sociais diferenciadas a convocar para o contexto de sala de aula. Há interesses muito diferentes e também níveis de conhecimento muito diversos acerca da literacia, pois cada família e cada instituição têm também diferentes formas e recursos para as incentivar. As crianças aprendem através do brincar e do jogo − dramático, corporal, musical, etc. − e muito deste seu brincar é também fantasia e imaginação. Literacia é prática social. É fundamental pensar no papel do adulto nesta forma das crianças aprenderem.
Maria José Araújo e Marlene Magalhães