quinta-feira, 19 de abril de 2018

A Escola e as aprendizagens




Mesmo reconhecendo o objetivo humorístico associado ao vídeo apresentado, ele é revelador do modo como o as decisões curriculares são estruturais na possível (e acrescento desejável) relação entre a escola - e as práticas pedagógicas - com as comunidades e com a sociedade. 
Tendo a consciência que existem diferentes níveis de influência nas decisões curriculares, como explica claramente Diogo (2010), e que a tutela é, mais ainda no contexto nacional, um agente decisivo neste contexto, a margem de ação dos agentes educativos locais – entre eles os professores — é condicionada (Apple, 1997).
A par do apresentado, é ainda relevante lembrar que o currículo «o currículo é, também, no seu modus operandi (que, na realidade, lhe dá forma e regula o seu conteúdo e modo de passagem), uma produção organizacional, largamente conformada» (Roldão, 2010, p. 231). Isto é, o currículo, seja ele entendido enquanto documento prescritivo ou processo interativo, integra, no próprio conceito, elementos de inercia que potenciam a perpetuação de estruturas e práticas.
Tendo em consideração o referido, pensar o estudar enquanto dinâmica inerente à escola, à prática pedagógica e até, de modo mais amplo, aos diferentes processos de aprendizagem, é reconhecer a sua validade e importância. Colocado de outra forma, é necessário pensar a ação de estudar como uma prática constante na vida de qualquer indivíduo, pelo que o seu entendimento curricular e pedagógico não deverá limitar o estudo a um meio para atingir um fim. É, neste sentido, essencial que a escola não se desresponsabilize de (ou desvalorize) possibilitar que os estudantes aprendam a estudar.
Concluindo APRENDER A ESTUDAR é uma aprendizagem — com alguma ousadia poder-se-á considerar um elemento do currículo, ou pelo menos do currículo enquanto práxis como é proposto por Gimeno Sacristán (1989) — que a escola não pode desvirtuar. Mais se indica que esta aprendizagem colide, de modo inequívoco, com o que é apresentado no vídeo, pelo que não pode ficar alienada da prática escola, pedagógica e curricular.

Referências

Diogo, F. (2010). Desenvolvimento Curricular. Luanda: Plural Editores.
Gimeno Sacristán, J. (1989). El curriculum : una reflexión sobre la pratica. Madrid: Ediciones Morata.
Roldão, M. C. (2010). A Função curricular da escola e o papel dos professores. Nuances: estudos sobre Educação, 230-241.

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